Papel, caneta e diversão
Com apenas um pedaço
de papel e um lápis ou caneta, é possível entreter as crianças nas
férias. Com a ajuda da professora Maria Ângela Barbato Carneiro, da
faculdade de Educação da PUC, que lidera o Núcleo de Cultura e Pesquisas
do Brincar, reunimos alguns clássicos das brincadeiras que utilizam
apenas papel e tinta. Uma lista de brincadeiras dá pra brincar dentro de
casa, no apartamento, ou até mesmo no carro.
A especialista lembra: "Brincar é um momento de interação essencial para
a formação da criança. É quando ela desenvolve o processo de
sociabilização e se apresenta ao mundo. A participação dos pais ou
responsáveis nesse momento é, portanto, muito positiva".
Chame a família, os amigos e toda a criançada para brincar junto!
1. STOP!
Idade: a partir dos 8 anos
Número de participantes: 2 ou mais
Como brincar: Defina com seu grupo quais categorias estarão no
jogo - nome, animal, marca, fruta, flor e CEP (cidade, estado ou país),
por exemplo. Cada jogador, então, coloca em sua folha as categorias em
colunas.
O próximo passo é definir qual letra será usada na rodada:
pode ser com os dedos ou com o "stop!" (um jogador fala a letra A em voz
alta e depois passa a contar o alfabeto mentalmente; outro diz "stop!",
escolhendo a letra).
Os jogadores, então, devem completar as
categorias com palavras que iniciem com a letra escolhida. Quem terminar
primeiro grita "stop!", e todos os jogadores devem parar de escrever
imediatamente.
O próximo passo é contabilizar os pontos: para
pessoas que escreveram a mesma palavra numa categoria, 5 pontos; para
palavras diferentes, 10 pontos; e no caso do jogador ter sido o único a
ter completado aquela categoria, 15 pontos.
O que desenvolve: "É um jogo muito divertido, que promove a
interação e exige concentração e raciocínio rápido, além de
conhecimentos de diversas áreas", explica a professora Maria Ângela
Barbato, da Faculdade de Educação da PUC.
Um toque a mais: Para deixar a brincadeira ainda mais divertida,
que tal criar categorias malucas? Dá pra inventar frases para serem
completadas (como "minha sogra é
"), ou remeter às lembranças do seu
grupo (como "o que aconteceu naquela viagem... "). Livros, atores,
filmes, cores, objeto, comida e personagens de desenho animado também
podem ser categorias. No caso de vários participantes, é possível jogar
em equipes também!
2. Detetive
Idade: a partir dos 8 anos
Número de participantes: 5 ou mais
Como brincar: Em pequenos papéis, escreva os nomes
personagens envolvidos: um detetive, um assassino, e quantas vítimas
forem os participantes extras. Dobre-os e sorteie entre os jogadores.
Todos
devem ficar em um círculo, para que possam se olhar. O assassino deve
matar as vítimas por meio de uma piscada de olho. A vítima, por sua vez,
deve dizer "morri!".
Enquanto isso, o detetive deve tentar descobrir quem é o assassino, apontar para o jogador e dizer "preso em nome da lei!".
A jogada acaba quando o assassino conseguir matar todas as vítimas ou quando o detetive o prende. Aí, é só fazer outro sorteio!
O que desenvolve: "Para a brincadeira funcionar, é preciso ter
maturidade para respeitar as regras", aponta a professora Maria Ângela
Barbato, da Faculdade de Educação da PUC. "Além disso, a brincadeira
desenvolve bastante as habilidades de observação e concentração".
Um toque a mais: É possível incrementar a brincadeira com novos
personagens! O "beijoqueiro", por exemplo, pode ressucitar uma vítima
mandando um beijinho discreto. Também é possível jogar com uma dupla de
"namorados" (quando um morre, o outro morre também). Que outros
personagens mais é possível criar?
3. Desenho livre
Idade: a partir dos 2 anos
Número de participantes: livre
Como brincar: As possibilidades são infinitas: papéis de
diferentes cores e tamanhos, lápis de cor, giz de cera, giz pastel,
tinta, colagens... E a imaginação das crianças também.
O que desenvolve: "É muito importante proporcionar momentos de
pura liberdade e diversão para as crianças. Apesar de ser importante ter
uma preocupação educacional, muitas vezes o que elas precisam é de puro
lazer", conclui a professora Maria Ângela Barbato, da Faculdade de
Educação da PUC.
Um toque a mais: Com um rolo de papel craft, é possível fazer
experimentos interessantes. Um desenho coletivo, por exemplo, é uma
ótima brincadeira. Outra ideia é fazer bonecos gigantes - uma criança
deita no craft, enquanto a outra faz o seu contorno. Depois, é só
desenhar a roupa e os assessórios (hora de caprichar!), e recortar o
molde.
4. Rótulo
Idade: a partir de 8 anos
Número de participantes: 5 ou mais
Como brincar: Escreva em pequenos papéis diferentes "rótulos":
"sou triste", "sou engraçado", "sou bravo". Cada jogador deve pegar um
papel e grudá-lo na testa, sem olhar. Então, todos levantam e começam a
circular. Cada jogador deve interagir com o outro de acordo com o que
está na testa do outro. Da mesma forma, deve tentar descobrir o que está
na sua testa por meio da reação dos outros.
O que desenvolve: "É uma brincadeira interessante para
desconstruir estereótipos", diz a professora Maria Ângela Barbato, da
Faculdade de Educação da PUC. "As habilidades de dramatização e
adivinhação também são trabalhadas".
Um toque a mais: A brincadeira é uma boa oportunidade para falar
sobre posturas sociais. Converse, após a brincadeira, sobre como as
crianças se sentiram ao serem "rotuladas". Será que fazemos isso no
nosso dia a dia também?
5. Dicionário
Idade: a partir de 10 anos
Número de participantes: 4 ou mais
Como brincar: Além de lápis e papel, essa brincadeira exige um
dicionário. Se for daqueles bem grandes, melhor! Cada rodada terá um
mestre, que ficará com o dicionário. Ele deve abrir em uma página
aleatória e escolher, dessa página, uma palavra pouco usual.
Os
outros jogadores, quando ouvirem a palavra, devem tentar criar um
significado para ela (não necessariamente o certo, mas o mais
criativo!), escrever em um pedaço de papel e entregar para o mestre, que
deve copiar o significado certo em outro pedaço.
O mestre,
então, lê todos os significados em voz alta, e os jogadores devem votar
naquele que julgarem ser o correto. A pontuação funciona assim: cada
pessoa que ganhou um voto ganha um ponto; quem votou na definição
correta, ganha dois; e caso ninguém tenha acertado, o mestre ganha três
pontos. Na próxima rodada, escolhe-se um novo mestre.
O que desenvolve: "Com esse jogo, os participantes
conhecem palavras diferentes e aumentam o vocabulário", comenta a
professora Maria Ângela Barbato, da Faculdade de Educação da PUC.
b>Um toque a mais: "Que tal criar frases que juntem o
maior número de palavras novas? Dessa forma, é mais fácil ainda lembrar
os significados", sugere a professora. Ou então fazer a mesma
brincadeira em inglês.
6. Forca
Idade: a partir de 6 anos
Número de participantes: 2 ou mais
Como brincar: Para começar, um dos jogadores escolhe uma
palavra e desenha no papel um risquinho para cada letra. O objetivo do
outro jogador é adivinhar essa palavra, falando, a cada rodada, uma
letra do alfabeto. Mas a cada vez que ele errar, seu bonequinho na forca
vai ganhando um novo membro (cabeça, corpo, duas pernas, dois braços).
Se o bonequinho for completado, o jogador perde!
O que desenvolve: "Além de exigir vocabulário e trabalhar
a concentração, essa brincadeira faz com que a criança estabeleça uma
relação biunívoca entre as letras restantes e as possíveis respostas. Um
ótimo exercício de raciocínio", explica a professora Maria Ângela
Barbato, da Faculdade de Educação da PUC.
Um toque a mais: Com o tempo, é possível brincar com
palavras maiores (e, caso, for necessário, dar mais chances ao jogador
que vai adivinhar). E que tal usar as palavras que você aprendeu no jogo
do Dicionário para brincar de Forca?
7. Continue o desenho
Idade: A partir de 3 anos
Número de participantes: 3 ou mais
Como brincar: Sentados em roda, os jogadores devem produzir, ao
final da rodada, um desenho coletivo. Para isso, o primeiro participante
faz um traço na folha, e a passa para o lado. A pessoa seguinte deve
fazer mais um traço, e assim sucessivamente.
O que desenvolve:
"A ideia da criação coletiva traz muitos
aprendizados para a criança", diz a professora Maria Ângela Barbato, da
Faculdade de Educação da PUC. "Essa brincadeira associa a imaginação e a
criatividade com o espírito de parceria", conclui.
Um toque a mais: Que tal incrementar a brincadeira com diferentes
materiais? Lápis de cor, giz de cera, tintas e colagens de revistas
podem deixar o desenho ainda mais interessante. Mas atenção: quanto mais
elementos, mais difícil é a interação para que o desenho fique
coerente!
8. Anagramas
Idade: a partir de 7 anos
Número de participantes: 2 ou mais
Como brincar: Um dos jogadores deve escolher uma palavra e
escrever em uma folha de papel. Com as letras dessa palavra, os demais
jogadores devem tentar formar o maior número de palavras novas (que são
anagramas da palavra inicial).
O que desenvolve: "É interessante perceber alguns mecanismos da
língua portuguesa nessa brincadeira", diz a professora Maria Ângela
Barbato, da Faculdade de Educação da PUC. "Também é interessante para
desenvolver vocabulário e raciocínio".
Um toque a mais: Quando há bastantes participantes, é
possível brincar de anagrama vivo! Cole cada letra da palavra na barriga
dos jogadores. Agora, eles devem se movimentar para tentar formar as
novas palavras! Outra dica: quando os jogadores ainda estão no processo
de alfabetização, também é possível brincar com sílabas, ao invés de
letras.
9. Batalha Naval
Idade: a partir de 7 anos
Número de participantes: 2 ou mais
Como brincar: Para essa brincadeira, é preciso usar uma folha de
papel quadriculado por jogador. Delimite um tamanho de campo e
identifique as linhas com letras e as colunas com números. Depois,
defina como serão as "embarcações" do jogo.
O mais convencional é
assim: couraçados são quatro quadradinhos (na vertical ou horizontal),
cruzadores são três quadradinhos, hidroaviões são três intercalados, e
submarinos, um. Os jogadores devem desenhar as embarcações no campo de
batalha, sem usar a diagonal e sem encostar uma na outra.
Aí
começam os ataques: cada um tem três disparos por vez (B8, E3 e D4, por
exemplo). Se alguma embarcação for atingida, o jogador deve falar
"fogo!". Se não, "água". Todos os tiros devem ser marcados com um X no
campo. Quem acabar com as embarcações inimigas primeiro vence!
O que desenvolve: "Uma ótima brincadeira para treinar o respeito
às regras, a concentração e o raciocínio lógico", diz a a professora
Maria Ângela Barbato, da Faculdade de Educação da PUC.
Um toque a mais: Para quem gosta muito de Batalha Naval, é
possível investir: hoje em dia existem várias opções legais do jogo com
tabuleiro, peças e até mesmo som! Para quem quiser continar jogando com
papel quadriculado, também é possível brincar inventando diferentes
tamanhos de embarcações.
10. Labirinto
Idade: A partir de 3 anos
Número de participantes: livre
Como brincar: Muitas revistas especializadas contém labirintos,
mas a brincadeira fica ainda mais divertida quando nós mesmos o criamos.
Desenhe, numa folha de papel, um caminho que tenha um fim (pode ser o
centro da folha, por exemplo).
Ao longo desse caminho, crie
bifurcações que confundam o jogador que irá percorrê-lo, preenchendo
todo o espaço da folha. A dificuldade do labirinto pode variar de acordo
com a idade do participante. As crianças mais velhas também podem
criar!
Vale incrementar o caminho com desenhos, obstáculos e um grande prêmio no final.
O que desenvolve: "O labirinto é uma ótima maneira de se
trabalhar a coordenação visomotora e a lateralidade, ou seja, a
predominância motora de um dos lados do corpo", explica a professora
Maria Ângela Barbato, da Faculdade de Educação da PUC.
Um toque a mais: Que tal brincar de Labirinto "real"? Com folhas
de papel craft, é possível criar labirintos que podem ser percorridos
por pessoas de verdade! No final dele, pode haver uma surpresa - um
bombom, por exemplo.